contos - poesia -
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Isto é um comentário a uma ideia que chegou por mail e que está muito difundida e que é esta:
"Quando nasceu, chorava, e todos à sua volta sorriam.
Viva a sua vida de tal forma que, quando morrer, seja aquele que sorri e que à sua volta todos chorem."
Eu penso de modo algo diferente, ou seja:
A morte de alguém próximo é sempre
uma grande tristeza. Talvez porque vivemos como se nunca fôssemos
morrer. Como se a vida fosse um hábito que se veste para o trabalho, e
não um milagre que revela todos os outros. E assim adiamos eternamente
os sonhos de liberdade, aqueles que nascem e morrem a cada momento. E
assim, imersos nesse hábito, também não nos lembramos de como a
oportunidade de estar com o outro, neste presente, é uma dádiva tão
grande que parece praticamente impossível de fruir na totalidade. E
depois, quando a morte aparece, parece inoportuna, quase injusta.
Porque estivemos sempre a adiar, a pagar a factura de um futuro que
nunca aconteceu, sempre à espera de um encontro que nunca aconteceu...
Mas eu espero que, no MEU funeral,
ou pelo menos na minha festa de despedida (se tiver tempo e
oportunidade para a preparar, se não estiver senil ou cheio de dores,
sozinho, etc), os outros fiquem, não a chorar, mas a rir, e a rir
muito! Porque a vida é uma festa, mesmo a morte, tem de ser uma festa,
e uma festa de arromba! porque nesta vida só se morre uma vez.
Portanto, ao menos que seja com estilo! Yeah!!! (e se eu não tiver
ocasião para preparar a festa espero que os outros se lembrem disso, e
que celebrem, não a perda, mas este simples facto relativo à alma: não
haver longe nem distância, excepto o que impõe o coração. Fará isso
quem me amar, e compreende bem...)
" O amor começa com um sorriso, cresce com um beijo e acaba com uma lágrima."
Eu diria que: O amor que começa
com um desejo, cresce com um beijo e acaba com uma lágrima. Quanto ao
amor que se exprime num sorriso nunca começou, e nunca há-de acabar...