saudosismo - viagem - sem tempo - preso - sonho - tragédia

Preso

1ª noite

Tudo correu bem até ao primeiro contacto, prolongado.

Depois disso, mostrei-me, como barata. A Barata da metamorfose de Kafka.
Estou paralisado, só quero agradar. Só quero sorrir. Não incomodar. Que não dêem por mim.
Vou fazer muito pouco barulho. Vou avisar se algo puder incomodar. Não sou eu. Não sou eu. Não sou eu...
É alguém falso. Uma personagem inventada, um acto de comédia. Eu não estou em casa. Eu não estou aqui.

O Inferno são os outros.

O que é curioso é que sempre quis vir para [...], sempre quis estar aqui. E agora, ...
 ...
Sinto que algo novo está prestes a acontecer...

Desistir - Só o Nada me seduz
Situação Impossível
Quem me salvará?
SOS
É Preciso Dizer

E isso significa também que estou longe, infinitamente longe, de tudo o que me é importante. O meu íntimo está, parece, arrancado de mim; fechado num qualquer sótão a que nem eu nem ninguém tem acesso. Quero abrir, deixá-lo sentir, mas falta-me essa derrota total da vida, essa entrada no princípio do mar, esse princípio antes do princípio, esse fim para lá do fim; falta-me o espelho fiel, único sobre o qual eu sobre as asas, posso voar infinito, aos olhos de todos invisível menos de uma, um espelho fiel.